Trigonometria Esférica no Curso Matemático da Academia Militar (1810 a 1858)

Resumo

A trigonometria tem sido um estudo de interesse em várias áreas ou campos de conhecimento desde a antiguidade, entre elas a matemática, astronomia, geodésia e navegação. Em termos de seu ensino e aprendizagem, ela é especificada como trigonometria esférica a partir dos estudos de triângulos situados em superfícies esféricas, como o caso pertinente aos astros no campo da astronomia ou na geodésia. Ainda na primeira metade do séc. XIX, no 4º ano do Curso Matemático da Academia Militar (AM) brasileira, consta na relação das matérias a trigonometria esférica, a astronomia e a geodésia, ministradas pelo lente Manoel Ferreira de Araújo Guimarães. Esse mesmo lente é também citado em anotações de aulas por estudantes da AM, as quais foram reunidas em um manuscrito pelo ex-aluno e depois lente, Manoel José de Oliveira, entre 1814 e 1835. Nesse sentido, algumas indagações historiográficas foram motivo de outras buscas: que base teórica tinha então a trigonometria esférica enquanto disciplina? O que contém os manuscritos que realçam o que foi estudado? A trigonometria esférica continuou a ser estudada em outros cursos de matemática posteriores? A partir das análises, ao apresentar alguns fragmentos e delineamentos observados, inferimos uma convergência epistemológica e indicações do uso de textos matemáticos franceses, como os de Lacroix e Legendre, publicados em períodos próximos, abordando a trigonometria esférica, inclusive um deles traduzido pelo lente Guimarães. Em sequência temporal, a trigonometria esférica não é mais vista na matriz curricular de cursos de matemática que despontaram após alguns anos do término da Escola Militar em 1958, embora permanecendo em cursos de engenharia, geografia e astronomia até hoje.