ENTRE A HISTÓRIA E A ETNOMATEMÁTICA: a perspectiva historiográfica
Palavras-chave:
História da Matemática, Etnomatemática, HistoriografiaResumo
Como a intenção neste artigo é apresentar aproximações e distanciamentos possíveis entre a história da matemática e a etnomatemática, a abordagem ao assunto organiza-se em torno da historiografia. Nesse domínio, a historiografia transcorre entre a história e a etnografia, e o seu prestígio está em fazer dos textos escritos um produto de sua análise, encenando no agora o que se identifica como um lugar de produção de outrora. Nessa tarefa, então, distingue-se a historiografia de outras maneiras de escrever uma história da matemática articulada à etnomatemática, tornando-a bastante interessante ao evidenciar resquícios do presente e do passado nas metamorfoses do mundo. Aliás, a historiografia, como um quefazer, uma práxis, a escrita resultante de uma operação atual e localizada, muda os nossos modos de pensar e de atuar. Como síntese, organiza os interlocutores, fundamentando seus ambientes e relacionando os escritos com seus contextos, enfoque este que está em consonância com a abordagem de Ubiratan D’Ambrosio à história da matemática e à etnomatemática, esta última definida enquanto programa de pesquisa, a partir dos interstícios erigidos nos limiares que envolvem a tríade sociedade, cultura e matemática, na dinâmica dos encontros culturais e no hibridismo que deles resulta; uma historiografia que olha para o passado atenta às multiplicidades das matemáticas, com muita atenção e respeito, numa visão transcultural, transdisciplinar e holística.
Downloads
Referências
BENJAMIN, Walter. Magia e Técnica, Arte e Política: ensaios sobre literatura e história da cultura. 7. ed. Tradução Sérgio Paulo Rouanet; Prefácio Jeanne Marie Gagnebin. São Paulo: Brasiliense, 1994.
BLOCH, Marc Leopold Benjamin. Apologia da História ou O Ofício de Historiador. Tradução André Telles; Prefácio Jacques Le Goff; Apresentação Lilia Moritz Schwarcz. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
CERTEAU, Michel de. A Cultura no Plural. Tradução Enid Abreu Dobránszky. Campinas: Papirus, 1995.
CERTEAU, Michel de. A Escrita da História. Tradução Maria de Lourdes Menezes. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002.
CLIFFORD, James. A Experiência Etnográfica: antropologia e literatura no século XX. Organizador José Reginaldo Santos Gonçalves. 2. ed. Rio de Janeiro: EDUFRJ, 2002.
D’AMBROSIO, Ubiratan. Etnomatemática: arte ou técnica de explicar e conhecer. 5. ed. São Paulo: Ática, 1998.
D’AMBROSIO, Ubiratan. Etnomatemática: elo entre as tradições e a modernidade. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
D’AMBROSIO, Ubiratan. Um Enfoque Transdisciplinar à Educação e a História da Matemática. In: BICUDO, Maria Aparecida Viggiani; BORBA, Marcelo de Carvalho. Educação Matemática: pesquisa em movimento. São Paulo: Cortez, 2004a. p. 13-29.
D’AMBROSIO, Ubiratan. Prefácio. In: BORBA, Marcelo de Carvalho; ARAÚJO, Jussara de Loiola. (Org.). Pesquisa Qualitativa em Educação Matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2004b. p. 11-23.
D’AMBROSIO, Ubiratan. Gaiolas Epistemológicas: habitat da ciência moderna. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ETNOMATEMÁTICA, 2., 2004, Natal. Anais [...]. Natal: EDUFRN, 2004c. p. 136-140.
D’AMBROSIO, Ubiratan. Tendências Historiográficas na História da Ciência. In: ALFONSO-GOLDFARB, Ana Maria; BELTRAN, Maria Helena Roxo. (Org.). Escrevendo a História da Ciência: tendências, propostas e discussões historiográficas. São Paulo: EDUC/Livraria da Física/FAPESP, 2004d. p. 165-200.
D’AMBROSIO, Ubiratan. Armadilha da Mesmice em Educação Matemática. Bolema, Rio Claro, v. 18, n.24, p. 1-15, set. 2005.
D’AMBROSIO, Ubiratan. Ea, Pitágoras e Avatar: cenários distintos em matemática. Tradução Luciana Latarini Ginezi, Glauco Fratric. São Paulo: Arte-Livros, 2011.
LÉVI-STRAUSS, Claude. Antropologia Estrutural. Tradução Chaim Samuel Katz, Eginardo Pires. 5. ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996.
LÜBECK, Marcos. Uma Investigação Etnomatemática sobre os Trabalhos dos Jesuítas nos Sete Povos das Missões/RS nos Séculos XVII e XVIII. 2005. 166f. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática) – Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2005.
LÜBECK, Marcos. Utopia e Esperança: do mito da terra sem males à educação etnomatemática. 2013. 185f. Tese (Doutorado em Educação Matemática) – Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2013.
NOBRE, Sergio. A disciplina acadêmica “História da Matemática” na formação de profissionais em matemática. Educação Matemática Pesquisa, São Paulo, v. 14, n. 3, p. 507-524, 2012.
ROCKWELL, Elsie. Reflexiones sobre el proceso etnográfico (1982-1985). In: ROCKWELL, Elsie; EZPELETA, Justa (Eds.). La práctica docente y sus contextos institucional y social. México: DIE, 1987. p. 1-57.
ROCKWELL, Elsie. La Experiencia Etnográfica: historia y cultura en los procesos educativos. 1. ed. Buenos Aires: Paidós, 2009.
ROJAS, Carlos Antônio Aguirre. Antimanual do Mau Historiador: ou como fazer uma boa história crítica?. Tradução Jurandir Malerba. Londrina: EDUEL, 2007.
VERGANI, Teresa. O Zero e os Infinitos: uma experiência de antropologia cognitiva e educação matemática intercultural. Lisboa: Minerva, 1991.
VERGANI, Teresa. Educação Etnomatemática: o que é? Natal: Flecha do Tempo, 2007.
VIEIRA, Antônio. História do Futuro. Organizador José Carlos Brandi Aleixo. Brasília: UNB, 2005.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Anais - Seminário Nacional de História da Matemática
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.